Aconteceu nesta quarta-feira, no Centro de Ressocialização de Cuiabá, o antigo Carumbé
“Eu prometo te amar, mesmo diante de todas as dificuldades”. Esse foi o voto dado por Rael da Silva para o esposo Mauro Lúcio, em cerimônia de união estável entre homossexuais, realizada nesta quarta-feira (3), no Centro de Ressocialização de Cuiabá (CRC), antiga Cadeia Pública do Carumbé. Além de Rael e Mauro, casaram-se também Duda Taques e Emerson Taques. Duda estava vestido de noiva e afirmou que esse sempre foi seu sonho.
“Todos os homossexuais têm o sonho de se casar de noiva, e acredito que eu sou a primeira em Mato Grosso a realizar esse desejo”, disse.
A celebração entre homossexuais do sexo masculino dentro de uma prisão em Mato Grosso, é a primeira realizada no Brasil, de acordo com o juiz da Vara de Execuções Penais, Geraldo Fidélis.
“Há registro de três casamentos nas cadeias do país, mas de mulheres. Mato Grosso é o primeiro Estado a realizar uma cerimônia entre casais homossexuais do sexo masculino. Com isso, nós estamos contribuindo com o respeito e dignidade que os homossexuais merecem”, disse o juiz.
Rael e Mauro namoravam há dois anos. Eles se conhecerem no projeto Arco Íris, do CRC, ala destinada aos detentos homossexuais.
“Foi amor à primeira vista: quando eu o vi, já sabia que ele era o homem da minha vida”, afirmou Rael.
Mauro foi condenado a 18 anos de prisão pelo crime de roubo e Rael, a cinco anos pelo crime de tráfico de drogas.
Duda e Emerson também namoravam há dois anos. Emerson já foi casado com uma mulher, com quem tem um filho de seis anos. Ele contou que não sofreu nenhum preconceito por parte da família.
“Eu me apaixonei pela Duda e tenho certeza de que vou levar esse amor para fora do Centro de Ressocialização. Minha família aceita a nossa união. E, para aqueles que não aceitam, eu posso afirmar que nada vai mudar nosso sentimento”, disse Emerson.
Emerson foi condenado pelo crime de homicídio e sentenciado a 25 anos de prisão. A estimativa é de que ele deixe o espaço prisional somente em 2020. Já Duda responde pelo crime de tráfico de drogas.
“Não é porque nós estamos aqui que somos um monstro”, destacou Duda.
A assinatura de união estável foi realizada no refeitório da unidade prisional, com direito a padrinhos, aliança, música e bolo. Os familiares dos dois casais não participaram da celebração.
A união civil proporciona direitos aos presos casados como a visita conjugal, caso um dos dois progrida do regime fechado.
Projeto Arco Íris
O Centro de Ressocialização de Cuiabá é a única, de total de 65 unidades prisionais do Estado, que possui uma ala destinada exclusivamente para abrigar detentos homossexuais.
Hoje, 11 reeducandos encontram-se no local.
Conforme o diretor do CRC, Winkler Telles, os casais poderão escolher se vão ou não ficar na mesma cela.
Presente na cerimônia, o secretário de Justiça e Direitos Humanos de Mato Grosso, Márcio Frederico de Oliveira Dorilêo, disse que o objetivo do Estado é levar esse projeto para todas as unidades prisionais de Mato Grosso.
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